Cuidado com os acidentes

Pessoalmente conheço mais cães que morreram envenenados ou atropelados do que de velhice e, na maior parte das vezes, devido a erros cometidos pelos donos.

Por mais bem-educado e obediente que um cão seja, nunca devemos o nosso cão andar sem trela em locais onde passem viaturas. Uma pequena distracção pode fazer com que ele seja atropelado. É preferível adquirir uma trela extensível de 5 ou 10 metros, que dá uma grande liberdade de passeio ao nosso cão, do que deixá-lo andar solto (para já não falar de que tal nem sequer é permitido por lei). Infelizmente no nosso país, ao contrário do que acontece em muitos outros, existem poucos espaços próprios (parques ou jardins vedados) onde os cães possam andar soltos, a brincar em segurança e sem incomodarem ninguém.

Nas situações em que podemos deixar os nossos cães andarem soltos, devem estar sempre sob a nossa vigilância, até mesmo para se evitarem confrontos desagradáveis com outros cães. Quando dois cães machos e dominantes se encontram em terreno neutro, tal situação pode ser muito complicada, mesmo que um deles vá de trela.

Outra causa de morte dos nossos amigos cães é o envenenamento, algumas vezes provocado intencionalmente por pessoas sem escrúpulos, outras vezes de forma acidental. Mesmo quando passeamos o nosso cão sempre à trela, é muitas vezes difícil impedir que ele ingira algum alimento que encontre na rua, pois consegue fazê-lo em fracções de segundo. Também devemos ter em atenção objectos cortantes que possam existir como, por exemplo, vidros partidos. Estes objectos são perigosos quer em caso de ingestão, quer porque podem causar sérios cortes nas almofadas planares dos nosso cães (que correspondem à s palmas dos pés). Existem treinos específicos que se poderão fazer para que o cão se desabitue de apanhar comida ou objectos do chão, e para que não aceite comida de estranhos.

Na altura de Verão, o calor é outro inimigo dos nossos cães, especialmente quando os seus donos os deixam fechados no carro. É muito frequente a morte de cães devido a golpes de calor. Na realidade, mesmo um carro à sombra com os vidros abertos se pode tornar suficientemente quente num dia de calor para que o nosso cão sofra. Devemos sempre proporcionar-lhes locais de sombra e água em abundância. Se virmos que o nosso cão está a sofrer com calor, o que devemos fazer de imediato é tentarmos arrefecê-lo utilizando, por exemplo, toalhas molhadas, e contactar com urgência o veterinário.

Outro acidente que ocorre especialmente na altura do Verão são afogamentos. Os donos gostam de levar os seus animais para o mar, rio ou albufeiras, mesmo quando os cães não estão habituados a esse tipo de exercício. Eles podem cansar-se com facilidade, especialmente se não estiverem habituados a lidar com a ondulação ou com correntes. Mesmo em piscinas devemos ter cuidado, porque muitas vezes os cães têm dificuldade em sair das piscinas quando estão cansados, dependendo dos tipos de acesso.

Quando deixamos o nosso cão andar solto no campo ou em matas, devemos ter o cuidado de conhecer minimamente o local onde estamos, para que não haja o perigo do nosso cão cair em precipícios ou falésias. Muitos cães estão habituados a saltar pequenos muros ou vedações e, na maior parte das vezes, não têm consciência do perigo que correm ao saltarem alturas maiores.

Se o nosso cão costuma andar connosco de carro, nunca o devemos deixar ir com o focinho de fora, pois pode ficar facilmente com otites ou conjuntivites. Além disso, a legislação obriga a que o cão tenha de viajar preso (existem cintos de segurança próprios) e sem poder incomodar o condutor, para segurança de todos os ocupantes da viatura (incluindo o próprio animal...).

Quando andamos com o nosso cão em sítios desconhecidos, a regra de ouro é que ele esteja sempre sob a nossa vigilância. No entanto, como é melhor prevenir do que remediar, devemos ter sempre o nosso cão bem identificado. Nos dias de hoje a melhor maneira de identificarmos o nosso cão é através de microchip. Este microchip é colocado pelo veterinário sob a pele do animal através de um processo indolor (semelhante à tomada de uma vacina), e permite a identificação precisa do animal e dos dados relativos ao seu dono. Para além do microchip, o nosso cão deverá andar com uma placa identificadora que não deve ter o nome do cão (para impedir que alguém menos honesto possa adoptá-lo à força), e que deve ter o nome e contacto do dono.
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