O começo da escola

Desde o início que temos de marcar a nossa posição acerca do que é ou não permitido fazer ao cachorro em nossa casa.

Durante o dia não devemos deixar o cão saltar para os sofás, ou deitar-se em sítios onde não o queiramos ver quando for adulto. Se quisermos que ele não entre nos quartos de dormir, ou que não esteja ao pé da mesa nas horas das refeições, estas regras têm de ser estipuladas desde o primeiro momento.

O cachorro tem necessidade de brincar e de fazer alguns disparates, como roer coisas. O que devemos fazer é adquirirmos brinquedos de modo a que ele tenha sempre objectos com os quais está autorizado a brincar, roer e destruir. Os cães são predadores e precisam de ter brinquedos que possam roer, correr atrás, etc. É importante que possam ter ossos para roer, bolas e brinquedos de corda. No mercado especializado é fácil encontrar uma vasta gama de acessórios deste género. O importante será mostrarmos ao cachorro que ele não pode mexer nas nossas coisas, mas tem os seus brinquedos com os quais lhe é permitido fazer tudo.

Sempre que um cachorro começar a brincar com coisas que não lhe pertencem, devemos ralhar com ele, mas simultaneamente mostrar-lhe aquilo que ele pode fazer. Para lhe ralharmos a melhor maneira é pegar no cachorro pelo cachaço, abaná-lo (como a mãe faz quando quer ralhar com os seus filhotes), e dizer-lhe um não energético. É normal que o cachorro possa ganir e se vá colocar a um canto onde poderá ficar 5 ou 10 minutos com um ar muito triste.

É importante mostrarmos ao cachorro que não estamos zangados com ele, mas apenas a mostrar-lhe que se estava a portar mal. Devemos então pegar num brinquedo dele e desafiá-lo para a brincadeira. Se não lhe mostramos comportamentos positivos, o mais certo é que passados 10 minutos o cachorro já se tenha esquecido do comportamento que teve e queira novamente brincar com as coisas dos donos.

Um cachorro habituado a distinguir, desde sempre, o que é dele e do seu dono começa a ir buscar os seus brinquedos e a vir ter connosco, desafiando-nos para a brincadeira. Nessa altura devemos ter uma atitude muito positiva, e dedicarmos nem que sejam apenas dois minutos a brincar com ele, confirmando que aquele é o comportamento correcto. Se o cachorro for persistente na tentativa de roer alguma peças de mobiliário, por exemplo, existem produtos amargantes no mercado da especialidade que se podem colocar para desincentivar o cão a ter essas atitudes. Um cachorro terá mais necessidade de ter objectos para roer na altura em que estiver a mudar a sua dentição de dentes de leite para dentes definitivos.

Pode ser complicado trazer o cão à rua nas primeiras semanas devido ao período de primo vacinação em que o cachorro ainda não está completamente imune a vírus e doenças perigosas. No entanto, não deve ficar com a ideia de que o seu cachorro não deve sair de casa, muito pelo contrário. O período cognitivo dos cães é entre os dois e os quatro meses. Durante este período o cachorro deve andar na rua, de preferência ao colo do dono, e deve ter o maior número de experiências diferentes (barulhos de carros, motas, pessoas a correr, etc.), que serão marcantes em todo o seu desenvolvimento futuro. Andando com o cachorro ao colo evita que ele possa adoecer e, simultaneamente, o cachorro vai sentir-se mais seguro e confiante ao encarar essas novas experiências. Essa segurança no contacto com o mundo exterior é muito importante no desenvolvimento do carácter do cão. Assim que a primo vacinação estiver completa, deve andar com o seu cão na rua.

Há cães que têm alguma dificuldade em andar á trela. Não vale a pena estar a puxá-los ou obrigá-los à força. Arranje uma corda, ou uma trela de dois metros, e deixe-o à vontade até que ele perceba que não tem mal nenhum andar com aquilo ao pescoço. Será conveniente que, desde cachorro, ele se habitue a andar, de vez em quando, com coleira, pois isso facilitará a sua utilização em adulto. Um dos truques que poderemos utilizar para evitar que um cão, quando adulto, nos venha a fugir, consiste em pregar-lhe um susto no primeiro passeio em que o cão possa andar no chão. Podemos, por exemplo, levá-lo para uma zona de mata que conheçamos bem e onde ele nunca tenha estado, pô-lo no chão e, assim que ele se distrair, escondermo-nos por forma a que ele de repente se sinta sozinho. Devemos depois aparecer, chamando-o, quando o virmos assustado. Nesta altura devemos acariciá-lo, acarinhá-lo para que ele se sinta reconfortado. Podemos repetir este tipo de procedimento várias vezes. Desta forma ele ficará sempre com receio de se perder do dono e evitará sempre afastar-se demasiado de nós.

Se seguirmos estes passos simples no início da educação do nosso cachorro teremos, no futuro, a nossa vida com ele muito facilitada.
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